Quando a terapia não está a ter resultados
Aquilo que ninguém lhe diz, e que pode afetar ainda mais a sua saúde mental.

Se você está a procurar abordagens terapêuticas mais eficazes e duradouras, saiba que não está sozinho. Muitos pacientes vêm ao meu consultório á procura de resultados mais concretos no processo de terapia. Como terapeuta, entendo a importância da ética e do profissionalismo em todo o processo terapêutico.
Às vezes, contudo, pode acontecer que o tratamento não esteja a atender às expectativas do paciente. Por causa de várias razões, mas é importante lembrar que cada caso é único e pode exigir um tempo diferente de tratamento, dependendo do tipo de questão a resolver. Se você estiver á procura de um tratamento terapêutico mais rápido e orientado para resultados, a hipnoterapia pode ser uma opção viável.
Em suma, é fundamental que os profissionais sejam éticos e tenham supervisão adequada para garantir que estejam a responder às necessidades de seus pacientes de forma profissional. E quando a terapia não está a funcionar, é importante entender os conceitos de transferência e contratransferência na psicoterapia.
O que pode acontecer quando a terapia não está a funcionar?
Os conceitos de transferência e contratransferência na psicoterapia podem parecer complicados, mas na verdade são fundamentais para entender como as emoções e relacionamentos do passado podem afetar a nossa saúde mental no presente.
A transferência é quando um paciente transfere sentimentos e emoções de relacionamentos passados para o terapeuta durante a sessão de terapia. Por exemplo, um paciente pode transferir sentimentos de amor ou ódio que sentia por um pai para o terapeuta. Isso pode ser útil na terapia, pois permite que o paciente explore esses sentimentos e relações passadas e trabalhe para os resolver.
Já a contratransferência é a resposta emocional do terapeuta à transferência do paciente. Ou seja, o terapeuta pode sentir emoções semelhantes às do paciente, como amor, ódio ou frustração. A contratransferência pode ser uma fonte importante de informações para o terapeuta sobre o mundo interno do paciente, mas também pode interferir na relação terapêutica se não for reconhecida e gerida adequadamente.
Mas como isso pode afetar a sua psicoterapia? A transferência e contratransferência podem influenciar a forma como o paciente se relaciona com o terapeuta, e também como o terapeuta conduz a terapia. Se o terapeuta não reconhece a transferência ou contratransferência, ele pode acabar reforçando padrões de comportamento e emoções que prejudicam a saúde mental do paciente.
Por outro lado, se a transferência e contratransferência forem reconhecidas e trabalhadas de forma consciente e saudável, elas podem ser uma ferramenta poderosa para a compreensão e superação de padrões de comportamento e emoções negativas.
Por isso, é importante escolher um terapeuta que esteja ciente da transferência e contratransferência e que saiba trabalhá-las de forma adequada. E lembre-se: não há nada de errado em sentir emoções intensas durante a terapia. Na verdade, isso é uma parte natural do processo de tratamento e crescimento emocional.
Quando o paciente vai á procura da mãe
Quando se trata de processos de hipnoterapia ou psicoterapia, é comum que os pacientes tenham uma criança ferida dentro de si. Essa criança pode ter sofrido traumas e questões emocionais durante a infância, como discutido em detalhes neste artigo sobre a criança interna. É importante ressaltar que a presença da criança interna não está necessariamente relacionada a uma infância muito traumática; de fato, pode ocorrer o contrário quando os pais protegem demais a criança, o que pode levar ao efeito psicológico que eu chamo de: “criança dentro de uma redoma”.
É comum que traumas e questões emocionais do passado afetem a vida de uma pessoa no futuro. Um exemplo disso é uma criança que teve uma mãe emocionalmente ausente, o que pode levar a uma busca constante por amor materno na idade adulta. Essa busca pode se manifestar em diversos aspetos da vida, desde relacionamentos amorosos até o campo profissional e até mesmo no contexto de terapia.
A comunicação dentro de casa, e também em terapia
Eric Berne foi um psiquiatra que criou uma teoria chamada Análise Transacional para entender a personalidade e os relacionamentos humanos. Segundo Berne, a personalidade é composta por três estados de ego: Pai, Adulto e Criança. O estado de ego Pai é formado pelas mensagens positivas e negativas que a pessoa aprendeu dos pais ou cuidadores. O Adulto é o estado de ego racional e objetivo que permite a tomada de decisões conscientes. A Criança (como falamos) é o conjunto de emoções, pensamentos e comportamentos que a pessoa experimentou na infância.
Berne acreditava que as interações interpessoais são baseadas nos estados de ego dos indivíduos envolvidos. A Análise Transacional ajuda a entender padrões de comportamento inúteis ou prejudiciais, promovendo o desenvolvimento de estados de ego mais saudáveis e funcionais. Por exemplo, se uma pessoa está presa num padrão de comportamento que é baseado no estado de ego Pai Crítico, (como vimos neste artigo) a terapia pode ajudá-la a desenvolver mais o estado de ego Adulto, permitindo que ela tome decisões mais conscientes e racionais em vez de reagir de forma automática e crítica.
A questão que se levanta é quando o próprio terapeuta não se apercebe que está numa posição parental em relação ao paciente. Estamos aqui a falar de comunicação subconsciente ou não verbal.

Neste caso a terapia nunca irá evoluir porque o terapeuta está numa posição parental e de omnipotência ou seja, a comunicação subconsciente ou não verbal está a referir que o paciente nunca será capaz de sair daquele lugar, e que não sobreviverá se não existir o terapeuta. Neste caso a mãe ou o pai.
A terapia que transforma

Para um processo de terapia bem-sucedido, é essencial que a comunicação entre o cliente e o terapeuta seja de adulto para adulto. Pois isso permite que o paciente se sinta mais presente e consciente de uma forma saudável de lidar com as situações do dia a dia.
Como terapeuta, estou altamente treinado e supervisionado para lidar com minhas próprias questões internas, o que me permite ajudar meus pacientes a comunicarem com sua própria criança interior ferida. Contudo, através dessa comunicação, podemos ajudar o paciente a resgatar a criança interna do lugar de sofrimento e ajudá-los a superar seus traumas e feridas emocionais.
“O primeiro a ser tratado é o Terapeuta”
George Groddeck
Neste caso a terapia torna-se mais efetiva e duradoura, pois assim, fomenta a independência por parte do paciente.
Espero que este artigo o tenha ajudado a entender esta questão, e se tiver alguma dúvida entre em contacto comigo através dos meus canais.